terça-feira, 15 de setembro de 2009

conceitos de surdez

A DIFERENÇA ENTRE O CONCEITO DE SURDEZ NAS PERSPECTIVAS SÓCIO-ANTROPOLÓGICA E CLÍNICO-TERAPEUTICA

O interesse da psicologia pela surdez está muito relacionado com o desenvolvimento na área da educação de surdos. O Brasil começou a sistematizar a educação para os surdos em 1857 através da vinda do professor francês Hernest Huet, surdo, a convite de D. Pedro II. Neste ano, foi fundada a primeira escola para meninos surdos, o Imperial Instituto de Surdos Mudos, atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES.

O modelo clínico-terapêutico, preocupado principalmente com o diagnóstico e a reabilitação, reforça a visão da educação como método reabilitador colocado em cena a partir do diagnóstico médico, orientando a atenção para a cura do problema auditivo, correção de defeitos da fala e treinamento de habilidades como leitura labial. O esforço dirige-se para a normalização do indivíduo e sua adaptação à sociedade a partir de critérios geralmente fixos do que seja normalidade. Os comportamentos e valores dos ouvintes tendem a ser tomados como norma, a diferença é geralmente percebida como negativa e caracterizada como desvio. A aprendizagem da língua oral é o principal objetivo das intervenções educacionais e terapêuticas.

O modelo sócio-antropológico propõe que a surdez seja vista como uma diferença cultural e lingüística: muitos surdos não consideram a si mesmos como deficientes, mas pertencentes a uma minoria lingüística. A deficiência como uma tragédia individual a ser medicalizada e comparada em pesquisas com o corpo não deficiente da maior parte da população.

Na educação dos surdos, a conseqüência da perspectiva sócio-antropológica é a defesa do bilingüismo em contraposição ao oralismo. A educação bilíngüe iniciou na Suécia no início dos anos 80, através da adoção de uma política nacional: todas as crianças surdas passaram a utilizar a Língua Sueca de Sinais como primeira língua, passaram a ter professores surdos e a aprender a língua sueca como uma segunda língua, para ler e escrever. O ingresso do bilingüismo no Brasil ocorreu no início da década de 90, junto a uma luta da comunidade surda pela valorização de seus direitos, cultura e comunidade. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida como língua oficial no país no ano de 2002.

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